sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Votar sempre pelos nossos ideais



Tenho um amigo que quer votar em branco. Peço que não faça isso. Cada voto vale por si mesmo e é a forma que temos de lutar pela democracia. Votos brancos, nulos, de protesto, apenas servem para reforçar as posições que queremos combater. Votemos no que acreditamos, mesmo que percamos. Votemos novamente, e de novo, e ainda mais uma vez e quantas outras forem necessárias e possíveis para que a democracia triunfe. É por isso que respeito aqueles que estão próximos de mim, mas pensam de forma diferente: eles votam e lutam pelo que acreditam, e persistem. Outros, às vezes, sequer tentam.
Não devemos desistir pois definitivamente não traz frutos. Veja a oposição na Venezuela: omitiu-se numa eleição para seu parlamento, deixando o espaço totalmente livre para os seguidores daquele espantalho boquirroto que arruína o país. Hoje a oposição não tem quase espaço e o país literalmente transformou-se numa fazenda de um coronel, senhor da vida e da verdade.
Quando o ardor vem da juventude, entranha-se nas pessoas, que perdem a capacidade de perceber certas nuances de caráter em seus heróis. Há, pois, que se separar os que acreditam por filosofia daqueles que são acólitos por profissão ou por interesses menos nobres.
O que vemos no cenário político é um empobrecimento intelectual profundo, onde não há espaço para princípios. Os políticos se desinibiram e não têm mais comprometimento programático. O que interessa são os objetivos de grupos ou indivíduos. A oposição é das mais incompetentes. Chego a pensar que não temos efetivamente uma oposição digna desse nome, mas ramos separados dos mesmos interesses menores. Confesso que estou decepcionado. Faltam tribunos de cultura e coragem que façam suas vozes serem ouvidas, como o fez o grande então senador Paulo Brossard. Temos eventuais soluços que se ouvem, mas que logo são cobertos pelo manto do interesse maior.



(Baseado no texto de António Carlos Branco)